F5 Pelo Mundo

O baixinho invocado da vila

Ele é baixinho, gorducho e invocado. Mas não estou falando de um personagem de quadrinhos, apesar da comparação ser inevitável. Ele se sente o dono da rua…
Trata-se de um cãozinho sem raça definida, o Tibe, que tem casa, mas prefere ficar fazendo a ronda pela vila onde mora, ou melhor, da qual é dono.

Para a “segurança” dos moradores e a raiva dos funcionários da prefeitura e da concessionária de água, dos garis e pregadores religiosos, o pequeno Tibe põe todo mundo para correr. Ou melhor, todos correm até ver o tamanho daquele cãozinho, todo invocado com seu latido fino, impondo o corpo comprido sob as patas curtas.

Conta-se que o Tibe escolheu seu território ainda filhote. Nasceu em um bairro longe daquela vila de sua propriedade. Mas desde bebezinho fugia de sua mãe biológica e refugiava-se na casa de seus pais adotivos, onde era alimentado e recebia carinho daqueles seres de espécie diferente da sua.

Mas logo logo tratou de espalhar herdeiros pelo novo bairro e pelos bairros visinhos. Os filhotinhos nascidos sempre mostravam características que acusavam a paternidade. Mais tarde, a dominação que eles exerciam em seus endereços confirmou o que todo mundo já sabia: são mesmo prole do Tibe.

Agora, depois de velhinho e impossibilitado de fazer filhotinhos, o Tibe, ainda na vila, vive para outras coisas…

Para apressar o funcionário da concessionária de água na realização da leitura do consumo de água nas residências. Afinal, quem consegue trabalhar sob tanta pressão, ainda mais por parte de um cão, ops, de um proprietário, tão pequeno e escandaloso?

Para fazer os encarregados de limpeza urbana berrarem um ou vários “cala a boca” quando ele se impõe frenética e escandalosamente em frente ao caminhão de coleta de lixo parado para recolher grande volume resíduos.

Para dar mais trabalho aos pregadores religiosos que, agora, têm que andar, ironicamente, munidos de um “cajado” para espantá-lo quando ele insistir na perseguição com seu sonoro latido agudo.

Para fazer o funcionário da Secretaria de Saúde da Prefeitura correr atrás dele com o saco plástico preto da campanha contra a dengue, retribuindo o susto da primeira visita à vila.

O importante é os moradores da vila o acolheram com carinho. Tanto que ele, como dono que é, entra e sai das casas quando bem entende, tira seus cochilos vespertinos na varanda de sua escolha e passeia na rua o dia inteiro, todo convencido de sua superioridade sob os demais de sua espécie.

Este é o Tibe. Mais que o vigia da vila, mais que o dono. É a lenda da vila.

26/08/2013 Posted by | Crônicas, Entretenimento | | Deixe um comentário

Mobilização civil promove um dia de limpeza em Portugal

Por Flaviane Carvalho

Um simples gesto de determinação e consciência ambiental buscou resgatar em apenas um dia os ares naturais de encanto e pureza das florestas e espaços urbanos portugueses, mobilizando milhares de pessoas.

Tudo começou em julho do ano passado, quando o técnico em logística Nuno Mendes publicou em um fórum da Internet um vídeo sobre um projeto realizado em maio de 2008 na Estônia, onde 50 mil voluntários recolheram em um dia 10 mil toneladas de lixo. Com a legenda “Para quando em Portugal?”, o vídeo acabou por despertar o interesse de mais dois membros do fórum: Rui Marinho, gerente de uma empresa de produtos químicos, e Paulo Torres, empresário comercial. Até então, nenhum dos três havia se envolvido em associações ambientais, mas todos compartilhavam da mesma inquietação: a diversidade de lixo acumulado nas cidades e florestas portuguesas.
Daí surgiu o Projeto Limpar Portugal, um movimento civil sem fins lucrativos que visou remover no dia 20 de Março de 2010 grande parte do lixo depositado indevidamente nos espaços verdes e urbanos, através da participação voluntária de pessoas particulares e de entidades privadas e públicas. Ao utilizar das redes sociais da Internet para promover o projeto e conseguir a adesão de voluntários, o movimento chamou a atenção dos órgãos de comunicação social, de prefeituras municipais e até mesmo do governo, que prestou apoio de transportes e logística. Além disso, o projeto conseguiu mapear cerca de 13 mil pontos com lixo em todo o país.

Segundo Paulo Torres, um dos mentores e coordenadores do projeto, o mutirão reuniu mais de 100 mil voluntários, que tiveram como ponto de encontro as juntas de freguesia das cidades portuguesas – espécie de micro-prefeituras situadas em cada bairro da cidade -, onde também era possível encontrar manuais com instruções sobre os tipos de vestuários e equipamentos adequados para a atividade, bem como buscar informações sobre quais áreas deveriam ser praticadas as ações conjuntas de limpeza.

As operações foram feitas em florestas, estradas e terrenos urbanos, e englobaram todos os tipos de lixo, tais como detritos, pneus, resíduos e entulhos, totalizando aproximadamente 70 mil toneladas recolhidas. Depois de separado, o lixo será distribuído pelas entidades de recolha e valorização de resíduos articuladas ao projeto.

Os responsáveis pelo projeto têm a esperança de não precisar repetir o movimento. “Esperamos que as pessoas tenham compreendido a mensagem e procurem desfazer-se do lixo de maneira conveniente”, relatou Paulo Torres ao diário português Público.

A Índia também tem aderido à ideia. Nova Delhi teve igual iniciativa na mesma data que Portugal, e no dia 15 de Agosto será a vez de Bangalore arregaçar as mangas em prol do meio ambiente. Para mais informações sobre o projeto Limpar Portugal, basta consultar o site oficial www.limparportugal.org.

11/04/2010 Posted by | Cidadania, Meio Ambiente, Mundo | | 1 Comentário

Aniversário F5! Comemoração com Força Total!

Em abril, o F5 Pelo Mundo completa 1 ano.
Os números não negam que no F5 a informação tem força total.
67 posts (matérias)
92 comentários
Média de 100 visitas por dia.
Mais de 21mil visitas em quase 12 meses.
E para comemorar esta data tão especial, nós, do F5 Pelo Mundo, abrimos as portas para que você possa fazer parte de nossa equipe a assim mostrar ao mundo o seu trabalho!
Para participar é simples.
Bastar enviar um texto (crônica, matéria jornalística…) para o e-mail do F5: f5pelomundo@gmail.com
Se achar interessante, pode enviar fotografias em anexo.
Pessoas de todo o mundo podem participar.
O tema é livre.
OBS: É necessário ter conhecimentos de jornalismo.
Os critérios de avaliação serão:
– Compromisso com as regras de ortografia e gramática;
– Elaboração de texto jornalístico.

O candidato deve enviar um minicurrículo junto com o texto com que irá concorrer.

Esclarecemos que os jornalistas partcipantes do F5 Pelo Mundo não recebem qualquer tipo de remuneração. O objetivo do blog é divulgar notícias e, consequentemente, os trabalhos dos profissionais com ele envolvidos.

Faça parte desta equipe!
Mostre seu trabalho com Força Total!
Comemore o Aniversário do F5 junto com a gente!

06/04/2010 Posted by | Novidades F5 | 2 comentários

F5 Atinge Mais de 18 Mil Visitas

Em menos de um ano, o F5 mostra que está mesmo com força total! Ultrapassamos a marca das 18 mi visitas. Os e-mails dos leitores são outro sinal de que estamos sendo acompanhados com frequência.
Nós, da equipe F5 Pelo Mundo, agradecemos a todos pela atenção.
Esperamos continuar levando informações de qualidade a um número cada vez maior de pessoas.

04/03/2010 Posted by | Novidades F5 | 1 Comentário

Um Passeio no Coração Sofrido das Gerais

Por Délio Pinheiro

No último mês de janeiro, já findo graças à incansável sanha do tempo, iniciei um novo trabalho. Agora me dedico às assessorias de comunicação do CAA, Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, e da AMA, Articulação Mineira de Agroecologia.
O CAA é uma ONG respeitadíssima, que se esforça há quase 25 anos para assegurar melhor qualidade de vida aos pequenos produtores rurais de comunidades tradicionais do Norte de Minas. Vazanteiros do rio São Francisco, índios xacriabás, comunidades quilombolas e geraizeiros, entre outros, se enquadram neste rol de prioridades do CAA. Trata-se de um trabalho sério, com muitos serviços prestados ao povo, sobretudo o mais humilde, da região.
Uma das minhas pretensões neste ano de 2010 é não trabalhar em rádio, coisa que fiz na maior parte de minha vida até aqui. Refiro-me a trabalhar em uma emissora, uma vez que alguns dos trabalhos que consegui para este ano incluem, justamente, programas radiofônicos, para prefeituras, Câmaras Municipais e o próprio CAA. Mas este trabalho em “rádio” será um trabalho prazeroso, feito nos cinco dias da semana que Deus planejou para trabalharmos. Deixando os fins de semana para descansar, viajar e outras coisas que fiquei tanto tempo praticamente impedido de fazer graças ao trabalho diário em uma emissora.
Mas vamos ao que interessa, logo no meu primeiro dia de trabalho no CAA fui escalado para fazer uma visita ao tradicional Brejo dos Crioulos, comunidade quilombola que se localiza no vórtice de três municípios do Norte de Minas: São João da Ponte, Verdelândia e Varzelândia. A luta e os costumes daquela gente já foram estudados em teses de mestrado, doutorado e são bastante conhecidas também fora dos anais acadêmicos. Mas era a primeira vez que eu iria conhecer in loco tal realidade e qual não foi a minha surpresa ao me deparar com algumas das pessoas mais gentis que conheci na vida até agora.
Sim, são os quilombolas do Brejo dos Crioulos. Esta denominação abrange os moradores de algumas comunidades como Caxambu, Furado de Modesto e Orion, todas nas redondezas. Mas é como Brejo dos Crioulos, nome forte e acolhedor, que eles se uniram para lutar.

Criança dop Brejo

Saímos de Montes Claros na fumaça do dia, quando o alvorecer anunciou uma quarta-feira de sol. No carro do CAA, além de mim, estavam Carlos Dayrell, Adriana Rocha e minha querida ex-colega de Jornalismo, Helen Santa Rosa, que precisou se despedir de seu filho de apenas seis meses, deixando-o com a avó, antes de pegarmos a estrada. Ócios do ofício.
Chegamos à comunidade de Araruba por volta das 10h da manhã, após sacolejarmos durante mais de três horas em estradas de asfalto e de terra. Ao chegarmos conheci uma figura muito divertida chamada Nequinha. Ele vive fazendo gracejos, alguns incompreensíveis, e truques de mágica, estes muito bons. Além de possuir uma inocência comovente, Nequinha é uma espécie de guia, quando ciceroneia os visitantes pelas entranhas do território quilombola já reconquistado na justiça. Uma ínfima parte daquilo que eles, efetivamente, são merecedores.
Tudo lá é simples. As casas, as acomodações para as reuniões, os hábitos. Mas nesta simplicidade esconde-se uma notável vontade de viver e de se libertar das amarras da injustiça. Os pioneiros da região, que viviam em um quilombo nos tempos árduos da escravidão, prezavam por sua liberdade, e os descendentes destes escravos, alguns bastante estudados e escolados na vida, se dedicam ao mesmo metié tantos anos depois.
A luta parece nunca cessar. Os capitães do mato de hoje são ricos fazendeiros que se apossaram da terra há muitas décadas acenando com suas falsas escrituras, expropriando os moradores de suas campinas férteis e de seu jeito de viver, confinando-os em lugarejos empoeirados, sem horta, sem plantação. Lugarejos como Araruba.
Mas a alma dessa gente clama por justiça e liberdade, como diz a música do Grupo Agreste: “Pois quem nasceu pra ser guerreiro não aceita cativeiro”. E eles foram à luta. Já reconquistaram um naco importante da suas antigas terras e esperam que o STJ, onde foi parar a pendência, possa autorizar a ocupação de todo o território.
Enquanto isso não acontece a luta continua. Tive a honra de ser chamado por eles de “aliado”, de ter almoçado sua comida simples e salgada, de ter fotografado seus filhos e seus pais e ter conhecido “Seo” Elizeu, um negro retinto, de quase 80 anos, com seus olhos faiscantes e vivazes e uma energia invejável. Basta informar que sua esposa ainda está na casa dos 20 anos e o casal tem filhos ainda pequerruchos.

Pai e Filho no Brejo dos Crioulos

Ao final da visita, devidamente municiado de fotografias e emoções, ainda fui presenteado com uma garrafa pet até o gargalo com fava, uma delícia produzida por lá. Uma gentileza de “seo” Elizeu para seus amigos e “aliados”. Não precisava.
Conhecer essa gente batalhadora foi o melhor presente que podia ganhar.

Mocinha na janela

01/03/2010 Posted by | Cultura | | 3 comentários

Alegria Turbinada

Camarote Oceania inova e lança maratona de festa de 15 horas por dia
no carnaval de Salvador

O Camarote Oceania comemora cinco carnavais com uma novidade para a temporada de alegria dos foliões de Salvador. A Palhares Entretenimento, organizadora do espaço, resolveu ampliar o período de festa ao público oferecendo uma programação que vai das 14h às 5h. No total, são 15 horas de diversão por dia. “Notamos que muitas pessoas preferem curtir o carnaval à tarde, por isso planejamos atrações musicais desde cedo e um cardápio específico para cada momento: tarde, noite e madrugada. Seremos o único ‘três em um’ do carnaval de Salvador”, explica um dos sócios e idealizadores do empreendimento, o empresário Rodrigo Palhares. Durante os cinco dias de folia, o espaço – único camarote instalado em área 100% construída – vai funcionar com uma programação dividida em três momentos.
As tardes serão animadas pelo Samba do Batifun, regado a boa feijoada, das 14h às 18h. Depois de desfrutar do espetacular entardecer do Farol da Barra, será a vez do som pop de Toni Garrido além da Banda Axé Bahia comandarem o agito, a partir das 19h. A madrugada vai esquentar no ritmo do funk carioca com DJ Tubarão, a Princesa e o Plebeu e DJ Puff de 00h às 5h. A boate é assinada pelo Club EGO, novo conceito em entretenimento de luxo, situada no Hotel Pestana. “São atrações para todos os gostos que vão fazer a festa durar ainda mais para quem estiver no camarote”, destaca Rodrigo. “Outro detalhe importante é que todos os músicos estarão acompanhados de convidados em suas apresentações, trazendo ainda mais brilho aos shows”, conclui.

Conforto

O conforto e diversão do folião Oceania vem sem apertar o folião pipoca. O espaço, que possui uma área de 1.200 m², é o único com estrutura física de concreto, situada na própria estrutura do edifício Oceania. “Geralmente, a estrutura dos camarotes é tubular e a cobertura feita em lona, o que torna normal o constante tremor na hora da diversão, além das goteiras em momentos de chuva. Além disso, não ocupamos espaços na rua”, explica Rodrigo. Numa área de 12 metros de pé direito, com vista privilegiada da Baia de Todos os Santos, os foliões do camarote vão prestigiar os astros da música baiana do ponto de onde outras estrelas como Bono Vox, vocalista do U2, também já pisaram.

Requinte na Folia

Outra novidade é o espaço Absolut Ego. Trata-se de uma área vip com mesas para reservas para até 15 pessoas. Cada mesa possui atendimento personalizado e, além do oferecido no serviço de “All Inclusive”, podem pedir itens Premium, como bebidas mais sofisticadas. “Pensamos neste espaço para aqueles clientes que gostam de exclusividade e conforto para curtir o carnaval. Hoje é possível estar no circuito da folia, dentro de um camarote e possuir a uma mesa com cadeiras que ninguém vai tomar. É um serviço especial para clientes diferenciados”, explica o sócio-proprietário do camarote. A Revista Go Where assina o camarote corporativo, reservado para convidados.
Sofisticação e cuidado que também estão presentes no buffet. Para aguentar o pique com saúde, todos os pratos do cardápio serão avaliados por duas nutricionistas que estarão cuidando para que a harmonização e qualidade dos alimentos estejam adequadas. Serão cerca de duas toneladas de alimentos servidos durante os cinco dias de festa. O badalado restaurante Parrillero será responsável pela saborosa feijoada que será servida até às 18 horas. Já os temakis ficarão aos cuidados da Temaki Box, que servirão os foliões com uma variedade da iguaria até 1h da manhã. Mesa de frios, pizzas em cone, sanduíches, acarajé, massas, entre outros pratos quentes e sobremesas também fazem parte do menu. Os drinks que levam vodka Absolut, uísques Ballantine´s, energético Night Power e espumantes, estão entre as bebidas que vão esquentar a festa. O Espaço Gourmet terá um charme especial com projeto assinado pela Todeschini.
Lounge, cyber café entre outros serviços que já se tornaram padrão nos melhores camarotes também estarão presentes no Camarote Oceania. Para saber mais sobre o camarote e garantir o seu espaço neste que é o ambiente mais reservado do carnaval, acesse o site: http://www.camaroteoceania.com.br ou ligue para (71) 3017-7755.

25/02/2010 Posted by | Entretenimento | Deixe um comentário

Acervo da casa de Hansen Bahia é restaurado pela primeira vez

Por Carla Santana

Exposição inédita de xilogravuras e matrizes restauradas marca a celebração dos 95 anos de nascimento do artista alemão

Se estivesse vivo, o artista plástico alemão Karl Heinz Hansen, ou Hansen Bahia, como é conhecido, completaria 95 anos de idade em abril. Para marcar a data, a Fundação Hansen Bahia realiza, entre os dias 23 de fevereiro e 3 de abril (de segunda a sexta-feira das 9h às 18h30 e aos sábados até às 13h), na galeria do Instituto Cultural Brasil-Alemanha (ICBA), uma exposição de xilogravuras e matrizes que compõem o acervo da casa em São Félix, interior da Bahia, onde o artista viveu os últimos anos de sua vida ao lado da esposa, Ilse Hansen.  As matrizes que serão apresentadas na Exposição Hansen Bahia 95 anos estavam integradas às paredes da casa localizada na Fazenda Santa Bárbara e faziam parte da intimidade do artista. “Todas foram restauradas pela primeira vez por meio de um investimento do governo alemão da ordem de R$ 85 mil”, conta a curadora da exposição, Lêda Deborah.
Esta é a segunda vez que o Governo Alemão patrocina investimentos na Fundação Hansen Bahia. Nos anos 90, também com a intervenção do consulado alemão, a Embaixada da República Federal da Alemanha no Brasil contribuiu com aquisição de computador, construção da reserva técnica de São Félix, restauro e emolduramento de obras para exposição. “Hansen e um artista impressionante e importante, um presença alemã forte na Bahia e a obra dele tem que ser preservada”, afirma o atual cônsul da Alemanha na Bahia, Hans Jürgen.
Segundo o diretor executivo do Goethe-Institut Salvador-Bahia, Ulrich Gmünder, o artista alemão que, ao radicar-se na Bahia, introduziu a xilogravura no Estado merece este novo apoio. “Para nós, é uma grande honra poder conservar a obra de Hansen. Esperamos que o público aproveite para conhecer melhor as obras dele”, declara Ulrich.
Para o artista conselheiro da Fundação Hansen Bahia, Justino Marinho, “a iniciativa do governo alemão foi bem vinda, porque a obra de Hansen tem um valor muito grande e marca um período importante das artes baianas. Vale destacar que além dos trabalhos de Hansen foram restauradas obras de outros artistas importantes como Carybé, Mario Cravo, Genaro e outros, que fazem parte do acervo deixado pelo gravador”, declara.De acordo com o restaurador das matrizes, José Dirson Argolo, o estado de conservação das 22 peças estava muito comprometido. “Nem sempre o artista se preocupa com a manutenção de sua arte. Hansen, por exemplo, utilizou materiais como compensado, que não resiste ao ataque de cupins e infiltrações. Por isso, o processo de preservação é necessário e, neste caso, demandou um trabalho árduo que realizamos em 10 meses”.

Limão: Matriz de xilogragura de Hansen Bahia restaurada por José Dirson

Tudo novo

O restaurador João Magalhães foi o responsável pelo “conserto” de 56 xilogravuras, sendo 27 da coleção “Navio Negreiro” e 15 da “Via Crucis do Pelourinho”. Entre as demais gravuras restauradas estão “O diálogo das héteras”, “Portas e janelas”, “Cangaceiro a cavalo”, “Vaqueiro laçador”, “Grande Candomblé”, “Forte de São Marcelo”, “Flor de São Miguel”, “Amigas em vermelho”, “Boi caído” e “Amigas no banho”.  Outras obras de Hansen restauradas foram “Limão”, “Noé e as pessoas que oravam na popa da arca”, “Batalha das Amazonas”, “São Miguel”, “O cavaleiro, a morte e o diabo” e “Aniversário de Ilse”.

Nem todas as obras restauradas estarão no ICBA durante a exposição que começa logo depois do Carnaval, apenas as de autoria de Hansen Bahia que puderam ser retiradas da casa, já que algumas não puderam ser removidas por estarem profundamente embutidas em paredes. Estas serão restauradas in loco na última semana de janeiro. Todas as obras restauradas, porém, continuarão fazendo parte do acervo da casa e poderão ser vistas na cidade de São Félix a partir de abril.

Restauração das matrizes

Segundo José Dirson, o processo de restauração das matrizes começou com uma limpeza superficial. Depois, a camada pictórica sofreu um faceamento (proteção com papel japonês e um tecido fino). Só então os carpinteiros escavaram as paredes em volta das peças que foram retiradas e embaladas em plástico bolha e espuma de nylon. A madeira passou por um consolidamento, ou seja, teve sua parte carcomida substituída por compensado naval de cedro previamente imunizado. Após a reintegração cromática e os retoques feitos com tintas importadas exclusivas para restauração (mameri), as obras receberam um verniz protetor e molduras de cedro.

Restauração das xilogravuras

O restaurador das xilogravuras, João Magalhães, conta que “após a limpeza a seco para tirar gordura, foram retiradas as fitas adesivas e emendas de papel. Depois, as xilogravuras foram lavadas em solução de água deionizada com hipoclorito e depois só com água. O molho durou cerca de 50 minutos. Após serem retiradas da água e secadas parcialmente, as gravuras foram inseridas numa base de cola de celulose. O papel ainda úmido foi prensado com camadas de papel mataborrão para não ondular. Essas camadas foram acrescentadas em tempos espaçados de até 24 horas durante uma semana. Só depois desse tempo foram feitos a obturação de lacunas de papel (com cola de celulose), o reforço do papel e os retoques de tinta, quando necessários”.

Fundação Hansen Bahia

Instituição cultural e educativa sem fins lucrativos destinada a colaborar no fomento da produção cultural do recôncavo baiano, o Museu Hansen Bahia foi inaugurado no dia 19 de abril de 1978, dois anos após o generoso gesto de Hansen Bahia de doar seu acervo e criar a Fundação. Segundo o coordenador executivo da Fundação, Raimundo Vidal, há 34 anos de existência a fundação assegura a preservação da obra de Hansen Bahia e desenvolve exposições com visitas monitoradas, tanto no Museu em Cachoeira – que em breve terá sua sede própria – quanto na Casa dos Hansen, onde está o Memorial Póstumo em São Félix, além de realizar exposições temporárias em outras cidades.
“A Fundação possui aproximadamente 12 mil peças do artista alemão, mil de Ilse Hansen, além de muitas outras assinadas por outros artistas. No total, são mais de 13 mil obras de arte. Somando-as aos objetos (mobiliário,instrumentos e acessórios, dentre outros), o acervo total do museu está estimado em 18 mil peças”, afirma.“A Fundação-Museu Hansen Bahia sempre contou com apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia. Através de convênios com o Estado, o Museu vem garantindo o seu funcionamento e a preservação do seu acervo”, destaca o coordenador executivo da Fundação, Raimundo Vidal.

Hansen Bahia

Karl Heinz Hansen nasceu em 19 de abril de 1915, em Hamburgo, Alemanha. Foi marinheiro, escultor, poeta, escritor, cineasta, pintor e xilógrafo. Seus primeiros trabalhos artísticos surgiram no início dos anos 40. O homem foi o seu grande tema e a xilogravura – arte tradicional no seu país – a técnica mais utilizada.
O período de iniciação artística coincidiu com o desenvolvimento da gravura alemã e com o começo de vários movimentos artísticos importantes na Europa, a exemplo do expressionismo, ao qual foi fiel em toda sua produção. Autodidata na técnica que lhe garantiu sucesso internacional, Hansen talhava a madeira com precisão e perfeição partilhada por poucos.Em 1950, deixou a Alemanha e veio conhecer o Brasil. Em São Paulo, trabalhou como artista gráfico na editora Melhoramentos. Cinco anos mais tarde, mudou-se para a Bahia, onde viveu e produziu intensamente. A paixão pelo estado fez com que o primoroso gravador, depois de conquistar reconhecimento internacional, incorporasse o nome da terra e assumisse a assinatura Hansen Bahia. “Antes de vir para a Bahia era só marinheiro. Quando aqui cheguei, nasci pela segunda vez e tornei-me artista”, declarou em vida.Amante da nova terra, Hansen Bahia não se contentou apenas em naturalizar-se brasileiro. Doou à Bahia, especificamente à cidade de Cachoeira, as obras relevantes do seu acervo e criou a Fundação Hansen Bahia, através de testamento, em abril de 1976. Apenas dois meses depois de inaugurar a primeira sede da fundação, o artista faleceu no dia 14 de junho de 1978, deixando para a Bahia o seu legado mais valioso: um enorme acervo de obras de arte e trinta livros publicados.

19/01/2010 Posted by | Cultura | | 3 comentários

Um novo trono na MPB

Por Délio Pinheiro

Em uma recente viagem de carro ocorreu-me de ouvir um álbum chamado “duetos” de Roberto Carlos. O que se seguiu na audição mais ou menos atenta foi um CD cheio de altos e baixos. E acho que estas características simplistas são úteis para entender a carreira daquele que, para muitos, é o “Rei”.
Se por um lado o álbum, que tem faixas pinçadas nos indefectíveis e inevitáveis especiais de fim de ano na TV, tem momentos brilhantes como quando Roberto canta com seu parceiro Erasmo um medley de rockões sessentistas como “tutti frutti” no especial de 77 e quando ele passa uma quase descompostura em Tom Jobim no dueto de Ligia do especial de 1978, tem também momentos bobos e pouco inspirados como na canja com Ivete Sangalo e com Chitãozinho e Xororó, para citar apenas dois.Este é o problema de Roberto Carlos, a falta de maior critério em suas escolhas. Seja no repertório insuportável que ele adotou desde os anos 80 com suas xaropadas românticas e músicas religiosas e, o que é pior, com as verdadeiras derrapadas artísticas como nas músicas bobas dedicadas a gordinhas, baixinhas, mulheres que usam óculos, mulheres que tem o pé grande e outras que não merecem nem uma nota de roda-pé em sua biografia. Biografia que ele, aliás, censurou.
O mencionado álbum ainda traz um emocionado Raimundo Fagner dizendo que sua carreira deslanchou após Roberto ter gravado “As velas do Mucuripe” no início da carreira do cantor cearense e outros bons momentos como os duetos com Milton e Caetano Veloso. Mas a inexpressiva Ivete Sangalo deixa claro que a opção do cantor e compositor capixaba é nivelar a todos no mesmo patamar. Patamar que, a julgar pela presença inacreditável de uma certa banda chamada “Calcinha Preta” em seu último especial de fim de ano, ficará ainda mais mal freqüentado daqui pra frente.
Juro que presenciei a presença desta “banda” no especial do cara. E ainda por cima tive o desprazer de ver o “diálogo” que se seguiu. Roberto perguntou para uma das vocalistas porque o nome da “banda” era Calcinha Preta e não Calcinha Azul, como seria de seu agrado. Depois os “músicos” atacaram com o tema da Norminha da novela Caminho das Índias.É Roberto, você valia muito e eu gostava de você. Principalmente do roqueiro dos anos 60 que queria que tudo fosse para o inferno a bordo de seu calhambeque e de seus álbuns de soul nos anos 70, mas lamento profundamente seu ocaso.
Portanto para mim, depois de analisar com acuidade a carreira dos grandes nomes da MPB vou eleger um novo “Rei”, levando em conta a qualidade de suas letras, sua postura diante dos anos de trevas, a maravilhosa Literatura que ele nos premia desde o fim dos anos 90 do século passado e também por sua coerência artística. Chico Buarque de Holanda, você é, pelo menos pra mim, o verdadeiro “Rei” de nossa música.

18/01/2010 Posted by | Crônicas, Cultura | | 1 Comentário

Abra-te cérebro

Por Délio Pinheiro

Consta que o humorista Groucho Marx mandou um bilhete para um escritor que havia lhe enviado seu primeiro livro para sua apreciação. O bilhete dizia: “Do momento em que o peguei, até a hora em que o larguei, seu livro me fez rolar de rir. Um dia pretendo lê-lo”. Achou mordaz né? Pois é, quase sempre a sinceridade dói pra caramba. E uma de minhas proposições para 2010 é ser sincero. “Duela a quien duela”, como diria o Collor, ex-presidente de triste memória. Já começo exercitando meu surto de sinceridade dizendo que a maioria esmagadora dos políticos são canalhas. Isso não é nenhuma novidade. Mas é preciso guardar numa agendinha o nome de todos os personagens do mensalão do PT, do valerioduto tucano, do recente mensalão do DEM em Brasília e de todos os outros escândalos recentes, para no ano que vem darmos o troco. Não é possível reeleger gente assim.
O meu surto de sinceridade também vai sair do âmbito da política e penetrar em todas as áreas. Se alguém me perguntar, por exemplo, se gosto de funk porque é a música que a mídia empurra como sendo a do momento, eu direi que repudio esse tipo de modismo, e funk pra mim continua sendo aquela música feita por George Clinton e James Brown, e não falamos mais nisso. Se me perguntarem se gostei da nova comédia da Jennifer Aniston ou do X-Men 4 ou do Transformers 3, direi que vejo cinema como arte e não como um espetáculo sem idéia, produzidos em série como numa linha de montagem.
Ainda bem que temos diretores atuais como Gus van Sant, Lars von Trier e David Lynch, para citar apenas alguns, que nos salvam e nos salvarão dessas trevas, e nada mais.
Pois é, a sinceridade que sempre esteve comigo, agora será meu GPS, minha bússola e meu dínamo. Mas talvez sem o sardonismo de Groucho Marx, pois assim poderia conquistar alguns desafetos, mas firme o suficiente para dizer que o mínimo não me interessa, assim como não me convém música tola, cinema vazio e políticos canalhas.

18/12/2009 Posted by | Cidadania, Crônicas | | Deixe um comentário

Pegada Ecológica: qual o tamanho do impacto que você causa ao Planeta?

Por Fernanda Pessoa Rossoni

Consiste em ação e reação. Cada um de nós tem uma “Pegada Ecológica”, ou seja, praticamos ações e temos hábitos que deixam um resultado no Planeta Terra.

Imagine se todos consumíssemos uma quantidade de recursos naturais acima da capacidade de reposição do meio ambiente e produzíssemos mais resíduos do que se pode assimilar? É provável que, após determinado tempo, não haveria mais comida, nem água potável e, muito menos, ar puro para todos.

Afinal, a Terra, mesmo possuindo um eficiente sistema de aproveitamento de energia solar e reciclagem de matéria, pode chegar, um dia, à exaustão. É por isto, e para saber se as ações de cada um são sustentáveis, que existe o cálculo da Pegada Ecológica.

Trata-se de uma ferramenta que mede, por meio de questionário, a área de terra e água necessária para sustentar o consumo de alimentos, bens, serviços, moradia e energia de uma determinada população, bem como para assimilar os resíduos resultantes deste consumo.  A pegada é dividida em quatro categorias de consumo: carbono (uso de energia em casa e no transporte), alimentação, moradia, bens e serviços.

Após responder um questionário com 15 perguntas, é possível saber “quantas Terras” (medida em “hectares globais) seriam necessárias para atender às necessidades da população do planeta se todos tivessem hábitos de consumo semelhantes ao da pessoa que está fazendo o cálculo. A pegada é expressa em “hectares globais” ou “acres globais”, os quais são unidades padronizadas que levam em conta as diferenças em produtividade biológica dos diversos ecossistemas que são impactados pelas nossas atividades.

A Pegada Ecológica ajuda a perceber, então, o quanto de recursos ambientais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida. Isto inclui a cidade e a casa onde moramos, os móveis que temos, as roupas que usamos, o transporte que utilizamos, aquilo que comemos, o que fazemos nas horas de lazer, os produtos que compramos e assim por diante.

Tudo começou no início da década de 90, quanto os cientistas William Rees e Mathis Wackernagel procuravam formas de medir a dimensão crescente dos impactos que causamos no planeta. Em 1996, eles publicaram o livro “Pegada Ecológica – reduzindo o impacto do ser humano na Terra”, o qual apresentava um novo conceito de sustentabilidade ambiental.

Segundo a ONG ambientalista WWF, desde os anos 80 a demanda da população mundial por recursos ambientais é maior do que a capacidade do planeta de renová-los. Dados mais recentes demonstram que se está utilizando 25% a mais do que o que está disponível em recursos. Ou seja, precisamos de um planeta e mais um quarto dele para sustentar nosso estilo de vida atual.

Medindo a Pegada Ecológica, as pessoas tomam conhecimento do efeito de suas ações sobre o meio ambiente. E, a partir do momento em que se conscientizam disto, podem mudar os hábitos e adquirir ações individuais e coletivas em favor de um mundo, para que a humanidade possa viver em equilíbrio com os recursos disponíveis do planeta.

Sugestões de práticas diárias para diminuir o impacto que causam ao meio ambiente não faltam:

Transporte: Ande, vá de bicicleta, faça revezamento de carros ou use o sistema público de transportes com mais frequência. Você deixará de emitir um quilo de dióxido de carbono a cada 3,5 km que você deixar de usar o carro individual.

Carro:

– Faça sempre uma revisão, pois um carro que funciona corretamente consome menos combustível e emite menos gases causadores do efeito estufa.

– Calibre bem os pneus do seu carro. Os pneus bem calibrados evitam um consumo excessivo de gasolina e dão mais segurança.

– Ao comprar, dê preferência a veículos “flex” e que sejam mais econômicos e, se puder, abasteça com álcool e não com gasolina.

Em casa:

– Procure sempre comprar aparelhos eficientes em consumo de eletricidade.

– Desligue as luzes dos ambientes não utilizados.

– Retire das tomadas os aparelhos em stand-by (os que ficam com as luzinhas vermelhas acesas).

– Substitua as lâmpadas principais da casa por lâmpadas fluorescentes compactas, pois consomem 75% a menos que as convencionais.

– Ligue a máquina de lavar menos vezes por semana e passe a verificar sempre seus gastos com eletricidade e água.

– Certifique-se que na sua casa não tem vazamentos e evite o uso abusivo de água para lavar calçadas e carros, usar baldes é sinônimo de melhor aproveitamento da água.

– Instale painéis solares para aquecer a água. Em longo prazo, você poupará energia e dinheiro.

– Se não for instalar os painéis solares, aqueça menos água do banho, pois demanda muita energia.

– Instale um chuveiro de baixa pressão.

– No banho, desligue o chuveiro quando estiver se ensaboando.

– Evite produtos com muitas embalagens, para reduzir a quantidade de lixo.

– Separe o lixo em “reciclável” e “não reciclável”. Os que puderem ser reciclados podem ser encaminhados às associações de reciclagem da sua cidade.

No trabalho:

– Ao sair, verifique se as luzes estão desligadas.

– Mantenha os aparelhos de ar condicionado a 25º C.

– Verifique se os aparelhos de ar condicionado estão na sombra. Eles consomem 5% menos se não estiverem no sol.

Para calcular sua pegada individual, acesse o site em português: http://www.pegadaecologica.org.br/

Ou, o site oficial:  http://www.myfootprint.org

Fontes:

http://www.myfootprint.org

http://www.pegadaecologica.org.br/

04/12/2009 Posted by | Meio Ambiente, Mundo | | 1 Comentário